domingo, 27 de janeiro de 2013

Figuras de Sintra: Domingos Jardo

Personalidade igualmente originária do concelho de Sintra foi D. Domingos Anes Jardo, nascido na Jarda (hoje Agualva-Cacém) e falecido em Lisboa a 16 de Dezembro de 1293. Foi sucessivamente chanceler do rei D.Dinis, bispo de Évora (1284-1289) e bispo de Lisboa (1289-1293).Natural do lugar de Jarda (actual Agualva), onde se situa o rio denominado Ribeira das Jardas, e que actualmente divide as freguesias do Cacém e Agualva, é também recorrente dizer-se que nasceu em Belas, já que até 1953, a actual freguesia de Agualva pertencia a Belas. Por sua vez, a freguesia do Cacém pertencia a Rio de Mouro. Desde cedo Domingos Jardo recebeu educação esmerada, tendo estudado na Universidade de Paris. Regressado ao reino, foi chamado por D.Afonso III para seu capelão-mor e membro do seu conselho. O seu filho D.Dinis fê-lo chanceler-mor do reino (uma espécie de primeiro ministro) e contribuiu para a sua elevação à cátedra episcopal, primeiro em Évora (1283), onde permaneceu até 7 de Outubro de 1289 data em que o papa Nicolau IV  o transferiu para a diocese de Lisboa.

Devido a lutas travadas no interior do cabido, apenas através da nomeação papal teria conseguido assumir-se como bispo de Lisboa. A repetida tentativa de Domingos Anes Jardo de alcançar o lugar de bispo de Lisboa e o interesse manifestado por este lugar tanto por sua parte suscitaram foi um dos factores que tornaram estas eleições particularmente relevantes das lutas entre o clero. De acordo com Rodrigo da Cunha, o bispo D. Mateus terá morrido em Setembro de 1282 e,com efeito, logo em 1283 D. Domingos é referido pelo rei como eleito de Lisboa, tanto na concessão do foral de Cacela, como na confirmação da posse da chancelaria E se bem que não se conheça ao pormenor a cisão ocorrida no interior do cabido de Lisboa e não se consiga identificar os cónegos apoiantes de cada uma das partes, a verdade é que o perfil dos oponentes permite entender a hierarquia que visivelmente se definiu entre as dioceses. Inquestionavelmente, Lisboa apresenta-se já, neste final do século XIII, como uma diocese de topo, almejada por muitos eclesiásticos. Domingos Anes Jardo teria tentado numa primeira eleição, cerca de 1283 ser eleito bispo de Lisboa. No entanto, o cabido cindir-se-ia e, em seu lugar, foi nomeado Estevão Anes de Vasconcelos, filho de João Peres de Vasconcelos e de Maria Soares Coelho. Domingos irá então para Évora, onde permanecerá até 1289. Durante esse período e à semelhança dos anos anteriores não cessou de receber doações por parte de D. Dinis. Ao longo dos cinco anos que permaneceu em Évora, recebeu autorização régia para fundar um hospital em Lisboa, além de alguns bens sediados em Lisboa e no seu termo. Desta forma, constituiu ou reforçou um património na cidade para cuja cátedra veio, de novo, a ser indicado nas eleições que se sucederam à morte de Estevão Anes de Vasconcelos. Em 1286 fundou o Hospital de São Paulo (actual Convento de Santo Elói em Lisboa, na foto abaixo) destinado não apenas ao ofício divino, como também ao fomento das letras, de que o reino tanto carecia; diz Frei Francisco Brandão na "Monarquia Lusitana", que os grandes talentos de letras que houve em Portugal nesta época se ficaram a dever à protecção do bispo. Nessa comunidade integrava 14 cidadãos honrados, caídos na pobreza, 12 sacerdotes e 6 estudantes pobres, os quais lá podiam aprender gramática, lógica, medicina, teologia e direito.

Faleceu em 16 de Dezembro de 1293,tendo sido sepultado na Capela do Sacramento do Convento de Santo Elói que ajudara a fundar (hoje aí estão serviços da GNR, em Lisboa).


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