domingo, 17 de junho de 2012

Degradação na Peninha


Chegaram até nós queixas sobre o actual estado de desleixo a que se encontra votada a Peninha, através das fotos de Maria Pereira, da Fraternidade Nuno Álvares, que reproduzimos.
                              Porta arrombada e devassada
                                      Algerós danificado
                      Painel informativo sempre alagado
                       Mesas de piquenique danificadas

A quem de Direito, mormente ao Parque Natural Sintra-Cascais, o nosso apelo a que sejam reparadas as deficiências e volte a ser dada vida a esse local aprazível da serra de Sintra.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

E agora S.Pedro?

E agora, S. Pedro? é um projecto de Solidariedade activa e criativa em rede, direccionado para a comunidade de 3ª Idade na área da Junta de Freguesia de S. Pedro de Penaferrim, concebido e desenvolvido pelo Utopia Teatro, Grupo de intervenção criativa “Manta de Retalhos” (Unidade Pastoral de Sintra), Aqui há bicho – grupo de teatro juvenil e Atelier criarte – Mariis Capela e que a Alagamares procurará apoiar dentro das suas possibilidades.
O objectivo estratégico do projecto passa por “reabilitar”, “dinamizar” e “divulgar” as memórias, saberes e tradições dos anciãos da terra relacionando-as com o espaço específico que habitam ou habitaram. A partir dos números e dados da Junta de freguesia, procurar-se-á o caminho de dar foco e rosto – em genuína homenagem – à memória dos que há mais tempo residem e resistem em S. Pedro de Sintra. Assumindo este projecto, a Junta de Freguesia assegura a mobilização e defesa intransigente deste inestimável Património Imaterial que são os seus cidadãos e suas memórias de S. Pedro de Penaferrim, Paisagem Cultural e Património da Humanidade por excelência.
 O  projecto geral articula-se em quatro vertentes e etapas.
  1. Cerca de 20 voluntários e animadores, organizados em sete equipas, entrarão em contacto com o  público-alvo tendo como objectivo a adesão ao projecto e a recolha de testemunhos de um micro-universo de 40 habitantes de S. Pedro com mais de 65 anos – ao longo de dois meses.
  2. A recolha de testemunhos servirá de ponto de partida e matéria-prima para a construção de uma apresentação pública no campo das artes cénicas, de preferência por ocasião dos festejos populares do Padroeiro.
  3. A apresentação pública coincidirá com uma exposição de retratos fotográficos de alguns dos entrevistados. A exposição, de preferência, deverá ocorrer ao ar livre em diversos pontos-chave do centro histórico de S. Pedro, escolhidos, preferencialmente, por sugestão do retratado.
  4. Construção de um “diário de bordo” com toda a documentação do processo criativo do projecto. Recolha escrita, gravada e contextualizada por individualidades idóneas, tendo em vista o seu depósito no Arquivo Histórico de Sintra e eventual edição por iniciativa camarária.
  5. Estas quatro vertentes e etapas englobam uma série de objectivos específicos e estratégias em sucessivas “homenagens” e acções concretas para a motivação/auto-estima do público-alvo, procurando minorar a solidão, reabilitar pontes de comunicação transversais e intergeracionais e promover elos afectivos entre o indivíduo e o espaço em redor, catalisador da sua identidade.
  Primeira Etapa: “A desculpa é a fotografia”
“A desculpa é a fotografia” poderá ser o mote da primeira etapa essencial que obedece a uma questão de fundo: “Como articulam as pessoas as suas memórias e vivências com o espaço que as rodeia?” Surge então a consequente questão prática: “Como obter o consentimento para um testemunho gravado, retratado e homenageado?” Sob o pretexto de um simples visionamento de um álbum de fotografias pretende-se reavivar e estimular a ligação afectiva das memórias, associando determinados marcos na vida de uma pessoa a espaços concretos que ainda hoje existem em S. Pedro.
Assim, todas as narrativas espontâneas que surgirem e que remetam para antigos saberes e tradições estarão subordinadas às fotografias apresentadas e comentadas. Pensar o território para melhor o habitar e defender é objectivo estratégico, aliando o património material de Paisagem Cultural com o património imaterial da população que vive há mais tempo na área de intervenção.
 É, pois, essencial o quadro de voluntários e animadores e toda a acção de formação em articulação com a Junta de Freguesia e todas as outras instituições envolvidas.
O quadro de voluntários e animadores será assegurado, em responsabilidades idênticas, por:
  • Seis elementos do grupo de teatro de Sintra “Aqui há bicho”, com idades compreendidas entre os 17 e os 19 anos, alunos da área de Animação Sociocultural  da Escola Secundária de Santa Maria.
  • 6 elementos do grupo de intervenção criativa “Manta de Retalhos” da UPS, com idades compreendidas entre os 45 e os 70 anos e com experiência nas acções humanitárias da Igreja.
  • 6 elementos da Utopia Teatro, que providenciarão toda a plataforma de ligação entre os intervenientes.
  • Haverá ainda um coordenador e um assistente de produção.
 Encontros, reuniões, ensaios e acções de formação poderão decorrer no Auditório da UPS ou em qualquer outro local sugerido pela Junta de Freguesia.
O quadro de voluntários e animadores será organizado em grelha com as marcações e contactos das pessoas a entrevistar.
Pretende-se a formação de sete equipas com uma média de três “entrevistadores” por equipa, em sistema de rotatividade, isto é, cada equipa e cada “entrevistador” terá uma média de 6 a 7 entrevistas a realizar no espaço de dois meses.
 A “entrevista” não se limitará a uma só visita. Cada pessoa contactada que mostre interesse em qualquer tipo de colaboração com o projecto deverá ser visitada em três distintas ocasiões com o objectivo de quebrar, de parte a parte, desconfianças iniciais e não ser uma só uma intervenção-relâmpago. Surge aqui o mote desta etapa: “A desculpa é a fotografia”.
Os entrevistadores levam consigo, na primeira visita, apena o nome da pessoa que serviu de elo de ligação, importante pormenor para reforçar a confiança, e uma vintena de fotografias – com mais de duas décadas – de locais emblemáticos de S. Pedro.
À segunda visita propõe-se que seja a pessoa entrevistada a divulgar, dos seus álbuns pessoais, algumas fotografias que mostrem o retratado em algum cenário Sampedrino, em algum momento simbólico da sua vida. À despedida é importante auscultar a pessoa no sentido de deixar bem claro se há consentimento para a utilização de fragmentos da conversa recolhida.
A terceira visita funcionará com convite para um primeiro encontro público onde a parte criativa do projecto procurará esclarecer os presentes sobre o modo como pretende construir uma apresentação pública com fragmentos das suas memórias. A terceira visita servirá também para a gravação do seu depoimento. À despedida faltará combinar então a data de visita do fotógrafo e o passeio ao local escolhido para a fotografia, se houver para isso o consentimento, o entusiasmo e a possibilidade.
Finaliza-se assim este processo de solidariedade activa.

 2.2. Segunda Etapa: “A criatividade da Memória em acção”

Inicia-se uma segunda etapa que constitui a vertente criativa do projecto. As “memórias” serão o ponto de partida e a matéria-prima para a construção de uma apresentação pública final por ocasião dos festejos populares do Padroeiro, em homenagem aos entrevistados. Conforme os testemunhos vão sendo partilhados pela equipa criativa inicia-se o processo de ensaios.
Pretende-se uma intervenção transversal e intergeracional no campo das artes cénicas, partindo de uma estrutura teatral de “manta de retalhos”, acumulando sucessivos quadros alusivos às vivências pessoais e colectivas das pessoas da terra e seguindo de perto a metodologia empregada por Bual na sua estratégia de teatro-fórum, segundo o seu modelo de representação teatral e intervenção cívica que é o Teatro do Oprimido procurando conciliá-lo com a tradicional revista à saloia.
Conferir Anexo 1 para mais informações.

 2.3. Terceira Etapa: “Sair à rua para o retrato de S. Pedro”

“Sair à rua para o retrato de S. Pedro”: conseguir que os “entrevistados” saiam à rua para posar junto a qualquer espaço público de S. Pedro escolhido pelos próprios será o grande desafio colocado aos fotógrafos que voluntariamente se oferecem para captar esse momento único. O convite será lançado a fotógrafos amadores e  profissionais, sendo o momento integrado nas demais “homenagens”.
Esta etapa culmina com a exposição dos retratos, colocados em locais centrais de S. Pedro, o mais próximo possível dos “cenários” escolhidos pelos retratados.

Para financiar a exposição propõe-se a realização de uma campanha junto dos estabelecimentos comerciais da área de intervenção, segundo o mote “Apadrinhe o seu Ancião – Contribua para a sua Homenagem”. Cada estabelecimento poderá escolher o retratado a apadrinhar, constando no retrato o seu patrocínio.  O patrocínio pode ter dois valores, em relação directa com a dimensão do retrato a exibir:
  • “Large” – retrato de 100 x 150 cm: aprox. 40 euros.
  • “Medium” – retrato de 75 x 100 cm: aprox. 30 euros
O objectivo é reunir e exibir uma colecção de 24 a 40 retratos, amostra simbólica da diversidade dos habitantes de S. Pedro com mais de 65 anos.
Esta etapa do projecto conta já com o entusiasmo de três fotógrafos: Paulo Martins, Mariis Capela e Francisco Gomes.
 
2.3. Quarta Etapa: “Juntos fazemos História”

O projecto termina com a construção de um “diário de bordo” enquanto documento do processo criativo e sua doação simbólica ao Arquivo Histórico e eventual edição por iniciativa camarária.

A importância simbólica deste projecto “E agora, S. Pedro?” não seria possível sem essa inspiração primeira que foi a figura ilustre de Sintra, José Alfredo da Costa Azevedo, incansável dinamizador da Memória e Tradição que os muitos volumes de “Velharias de Sintra” testemunham. Será possível reunir, neste “diário de bordo”, notas introdutórias e de contextualização de historiadores, escritores, investigadores e amantes de Sintra como João Rodil, Eugénio Montoito, Luís Martins e Filomena Oliveira.