Inaugurando
um ciclo de entrevistas com figuras da Cultura Portuguesa, que
incluirá escritores, músicos, homens do teatro e do cinema,” gente que
mexe e faz mexer”, começamos o mesmo com uma entrevista ao premiado e
conceituado escritor transmontano António Manuel Pires Cabral. Leia
ABAIXO:
Licenciado
em Filologia Germânica e em Ciências Pedagógicas A. M. Pires Cabral
começou a carreira de professor no Porto entre 1970-71, sendo depois
director das Escolas Preparatória e Industrial de Torre de Moncorvo
(1971-74) e fixando-se de seguida em Vila Real onde foi professor da
Escola Secundária de Camilo Castelo Branco até 2002.A. M. Pires Cabral é
um escritor tardio, publicando a sua primeira obra de poesia, Algures a
Nordeste em 1974, já com 33 anos, mas desde essa data tem mantido uma
produção literária constante, tendo alcançado o Prémio Literário
Círculo de Leitores com o seu romance de estreia, Sancirilo, em 1983.
Com
uma vasta obra a rondar as dezenas de títulos (excluindo as antologias
escolares para o ensino do Português de que é co-autor, com Hirondino
da Paixão Fernandes, mais concretamente: Verde Pino, Seara Hoje e A
Hora), nele é possível encontrar poesia, romance, conto, teatro,
narrativas de viagens, crónica e ainda antologias temáticas, grande
parte delas dedicadas à realidade rural transmontana, com a qual se
identifica. Um dos livros que merece especial atenção deste ponto de
vista é O Diabo Veio ao Enterro, obra que reúne características de
conto, crónica, e recolha da tradição oral transmontana. Em 2006
recebeu o Prémio D. Dinis atribuído pela Fundação Casa de Mateus. Vasco
Graça Moura sintetizou a sua obra como a de um dos mais importantes
poetas ligados ao Douro, acrescentando que, como poeta “não passa à
margem da história”, “de vocabulário culto” e “matriz clássica”, mas
com uma “semântica concentrada na vida do nordeste”. Em 2008, o romance
O Cónego foi o grande vencedor do Grande Prémio de Literatura DST. Já
em 2009 ganhou o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, referente aos
livros de poesia publicados entre 2007 e 2008, com a obra As Têmporas
da Cinza. "A limpidez e a precisão da escrita de A. M. Pires Cabral, a
sua penetrante e austera visão dum mundo cuja expressão encontra numa
espécie de imitação da terra o modelo para uma linguagem poética de
invulgar intensidade, fazem deste autor um dos casos mais
representativos da nossa melhor poesia contemporânea” disse o júri na
justificação do prémio.
Pela
tónica na temática rural do Nordeste Português, Pires Cabral é
considerado um dos maiores poetas e escritores transmontanos da
actualidade, à margem de movimentos ou escolas.
Como
animador cultural, Pires Cabral tem desenvolvido uma vasta actividade
cultural nos Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Vila Real desde
1978, tendo sido Director da Casa da Cultura da Juventude, entre 1982 e
1984. Esteve envolvido em projectos de grande importância como a
participação de Vila Real no Projecto 5.2 do Conselho da Europa
(Políticas Culturais nas Cidades); a organização das Jornadas Camilianas
e dos Passos de Camilo, ambas acções de estudo e divulgação da obra do
grande escritor, tendo sido membro em 1980 da Comissão Nacional das
Comemorações do Centenário da Morte de Camilo Castelo Branco; a
organização dos Encontros de Etnografia «Saber Trás-os-Montes», dos
Encontros de Cantadores de Janeiras e do Salão Luso-Galaico de
Caricatura, organizados pela Câmara Municipal de Vila Real. Foi também
responsável pela organização das antologias temáticas Douro Leituras, A
Emigração na Literatura Portuguesa e Páginas de Caça na Literatura de
Trás-os-Montes e Presidente da Comissão Instaladora do Círculo Cultural
Miguel Torga.
É
director de Tellus - Revista de Cultura Transmontana e Duriense,
dirigindo o Grémio Literário Vila-Realense desde a inauguração em 2006.
Para além destas actividades, A. M. Pires Cabral revelou a veia de
pintor aguarelista, tendo já realizado exposições individuais.
Obras principais: Poesia-Algures a Nordeste. (1974) Solo Arável (1976) Trirreme (1978) Nove Pretextos Tomados de Camões (1980) Boleto em Constantim (1981) Os
Cavalos da Noite. (1982) Sabei por onde a luz (1983) Irgendwo im
Nordosten / Algures a Nordeste. Edição português/alemão (1983) Artes
Marginais. Antologia poética (1999) Desta Água Beberei (1999) O Livro
dos Lugares e Outros Poemas. (2000) Como se Bosch tivesse enlouquecido.
(2003) Douro: Pizzicato e Chula (2004) Que comboio é este (2005) Antes
que o rio seque (2006) As têmporas da cinza (2008) Arado. (2009) Em
prosa, destacam-se Sancirilo (1983) O Diabo Veio ao Enterro (1985) O
Homem Que Vendeu a Cabeça (1987) Memórias da Caça (1987) Os Arredores do
Paraíso. Crónicas de Grijó (1991) Crónica da Casa Ardida (1992) Vila
Real - Charlas com Apostila (1995) Raquel e o Guerreiro (1995)O Diário
de C* (1995) Portugal Terra Fria (1997)Na Província Neva - Crónicas de
Natal (1997)Três Histórias Trasmontanas (1998)A Loba e o Rouxinol
(2004)O Cónego (2007)Trocas e baldrocas ou Com a Natureza não se brinca
(2007) O porco de Erimanto e outras fábulas (2010) O diabo veio ao enterro (2010).
No
teatro, O Consultório, O Poço e Seguir Viagem. In «Sete Peças em Um
Acto (1977) Crispim, o Grilo Mágico (1980) O Saco das Nozes (1982), alem de outras já representadas, e inúmeros estudos e itinerários.
Recebeu
entre outros o Prémio Literário “Círculo de Leitores”, 1983, com o
romance Sancirilo, o Prémio D. Dinis 2006, com Douro: Pizzicato e Chula e
Que Comboio é este, o Grande Prémio de Literatura DST 2008, com o
romance O Cónego, o Prémio de Poesia “Luís Miguel Nava” 2009, com As
têmporas da cinza, o Prémio Pen Clube de Poesia 2009, com "Arado",
ex-aequo com a poetisa Maria da Saudade Cortesão Mendes ou o Grande
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010, com O Porco de Erimanto e
outras fábulas.
P-Você
é um conhecido escritor e agente cultural. Como vai o país no campo da
Cultura? Quais as patologias e virtudes da vida cultural portuguesa
por estes dias?
R-
‘Cultura’ é uma das tais palavras que pode significar mil e uma
coisas. Mas, no seu sentido mais habitual (interesse pela criação
artística e pelos desenvolvimentos da ciência), diria que não vai bem
nem mal, antes pelo contrário… Noto ainda assim que vai havendo um
interesse crescente pelos fenómenos culturais e também uma crescente
difusão dos mesmos, muito em resultado da acção das associações, mais
do que das instâncias oficiais. Em resumo: não diagnostico nenhuma
patologia inquietante nem particulares virtudes. Temos a cultura a que
qualquer país periférico da Europa pode aspirar.
P-Como definiria a sua obra? Acha que se veio afastando dum registo inicial ou tem um timbre a que entende fixar-se?
R-
Ela é tão vária que dificilmente suportará ser definida. Mas creio
poder reconhecer nela dois pontos salientes: a sua dependência da
cultura popular, por um lado, e, por outro, a busca incessante de um
sentido para a vida. Isto desde o início, desde o primeiro livro
(Algures a Nordeste, 1974) — o que responde à segunda parte da pergunta.
P-Qual pensa ser o futuro do livro e da leitura nesta época de redes sociais e audiolivros?
R-
Penso que o livro existirá sempre, não será aniquilado pelos modernos
processos tecnológicos. Mas temo que cada vez mais se transforme num
objecto, deixando a sua função de divertir, comover, formar, informar,
para suportes mais expeditos, como são os informáticos. O futuro
(próximo) o dirá.
P-O que anda a escrever e vai publicar proximamente?
R-
De momento, estou em pousio — isto é, repouso retemperador. Porque
acabei de entregar na editora (Cotovia) um original intitulado
Cobra-d’água que deve sair dentro de dois ou três meses.
P-Enquadra o seu trabalho nalguma corrente literária ou estética? Qual?
R-
Não. É claro que sofro influências de muita gente, mas procuro ter uma
voz autónoma, individualizada. Por natureza, sou avesso a escolas
literárias.
P-É
conhecida a sua ligação à escrita da Galiza. Que traços comuns ou
distintivos encontra nesse caldos de cultura entre Trás -os -Montes e
Douro e a vizinha Galiza?
R-
Não é uma ligação assim tão forte. Digamos que fui durante muitos anos
elemento do júri do Prémio ‘Cidade de Ourense’ (um importante certame
anual, a que podem concorrer, e têm concorrido, e até vencido, poetas
portugueses). De resto, mantenho relações esporádicas com um ou outro
escritor galego. São essas as ligações. Que encontram a sua justificação
no reconhecimento que faço da identidade cultural entre o Norte de
Portugal e a Galiza, mormente os respectivos interiores rurais.
P-O escritor é um fingidor, um esteta, um profeta ou um solitário?
R-
Penso que pode ser tudo isso ao mesmo tempo, e ainda mais. Mas é
sobretudo um homem — condição que não deve esquecer nunca, mas alguns
esquecem, procurando aninhar-se num cantinho qualquer do divino.
P-Que
contributo traz hoje em dia o Portugal rural e interior para a maneira
de ser português? A emigração não destruiu um certo tipo de país, ou
pelo menos tê-lo-á desvirtuado?
R-
Nenhum contributo, creio. Antigamente acreditava-se (ou fingia-se
acreditar) que o homem rural era um reservatório de virtudes cívicas e
éticas que podia exportar para o mundo da cidade. A tal coisa do ‘homem
dum só parecer / dum só rosto e duma fé’, de Sá de Miranda. Mas isso
acaba por ser folclore. Os homens são iguais em toda a parte. E o
Portugal rural e interior tem uma voz que mal se faz ouvir nestes tempos
de estandardização, em que todos tendem a assemelhar-se a um modelo de
homem que está a ser moldado pelos órgãos de comunicação social (e
também de algum modo, pegando nas suas palavras, pela emigração), sem
qualquer respeito pelas diferenças que, longe de constituírem uma
desvantagem, constituíam uma riqueza.
P-O
que há de busca interior na sua obra poética? Ou não há
necessariamente uma busca interior? Quais são os seus autores de
referência? E aqueles onde pode estar a luz no poetar dos nossos dias?
R-
Não será propriamente busca, porque infelizmente acho que já encontrei
o que procurava. O que agora faço é roer incessantemente o incómodo
osso que resultou da dita busca. Quanto a apreciações sobre
companheiros de escrita, não mas peça. Temo ser involuntariamente
deselegante com alguma omissão também ela involuntária… Em todo o caso,
e em termos gerais, sempre lhe digo que considero haver uma pujança
notável em muitos dos chamados novos. Mas também há muito epigonismo,
muita imitação sem rasgo, muita acomodação a cânones.
P-Costuma
dizer-se que depois de Sartre a pós-modernidade colocou os
intelectuais numa posição descentrada. O que é ser intelectual hoje? Se
o intelectual nasceu com a Cidade, hoje, com a globalização terá
virado funcionário? O intelectual é um "escriba obscuro" como escreveu
Foucault?
R-
Tudo isso são especulações mais ou menos filosóficas, mais ou menos
ociosas. Não acrescentam nada à condição do escritor. Só lhe digo que,
no dia em que sentisse que, como escritor, me estava a transformar num
funcionário, nesse mesmo dia encerrava para balanço e nunca mais
reabria.
P-Quem
escreve e relata mundos de imagens alguma vez deixa de ser escritor?
Pode haver uma morte nos escritores ainda em vida? Ou podendo não se
nascer escritor, morre-se sempre escritor?
R-
Ser escritor é vestir uma pele que dificilmente se despe depois. Mas
cada escritor é um caso. Pode perfeitamente haver um escritor (não digo
que seja o meu caso) que considere que, depois de ter escrito o
essencial do que tinha para partilhar com os leitores, decida meter a
viola no saco e emudecer. Como em tudo o mais, não se pode generalizar.
P-A sua poesia é classificável, ou classificar é limitar?
R-
Isso não me pertence a mim dizer. Quem costuma classificar os
escritores e a sua obra são os críticos. Só sei que me esforço por fugir
a cânones e por manter uma voz ‘independente’.
P-Qual entende ser a sua obra mais conseguida? Já se zangou ou arrependeu por ter escrito alguma delas?
R.
Uma vez mais receio que um qualquer juízo que eu possa fazer redunde
em injustiça. Mas arrisco, mesmo assim, supondo que estamos a falar de
poesia (que não constitui a totalidade da minha obra, como sabe).
Citando não um, mas três títulos: Algures a Nordeste, pelo élan seminal:
ali estão já, em embrião, todas as linhas poéticas que explorei
posteriormente. Além disso é o primeiro livro — e o primeiro livro é
como o primeiro amor… Depois citaria Como se Bosch tivesse enlouquecido,
pelo empurrão decisivo que me deu para entrar na temática da morte e
das agonias existenciais. Finalmente Que comboio é este, pela sua
concisão e coesão. Quanto à segunda parte da pergunta, dir-lhe-ei que
não estou arrependido de nada que tenha escrito (salvo porventura umas
croniquetas de jornal ditadas pela indignação de momento — sempre má
conselheira —, em que posso ter sido deselegante, ou umas tentativas
teatrais já muito longínquas). Tal como Sá de Miranda, que já foi citado
acima, os meus versos «nunca acabo de os lamber / como ursa os filhos
mal proporcionados».
P-Pode dizer-se que o escritor escreve sempre o mesmo livro e toda a obra é autobiográfica?
R-
É outra das grandes frases feitas (diria mesmo: das maldições) que
turvam a actividade literária. Acredito que o escritor põe sempre a
máxima parte de si no que escreve, e por isso é forçoso repetir-se aqui e
ali. Mas há sempre algo de novo em cada novo livro. No dia em que
sentir que estou no limiar de repetir-me infecundamente, pararei.
P-O que anda a fazer e que projectos tem para o futuro imediato?
R-
Já disse acima que estou de pousio… Os escritores são como a terra:
não podem ser explorados continuamente, exigem pausas para reflexão e
amadurecimento. O que está mais nas minhas intenções imediatas não é
nenhuma obra literária, mas um estudo que ando a revolver há anos sobre
linguagem popular transmontana. O que não quer dizer que, de um momento
para o outro, não possa dar uma cambalhota e atirar-me de cabeça a um
qualquer projecto literário. Sou (e gosto de ser) imprevisível.
P-A poesia pode salvar?
R-
A poesia o que pode fazer é emocionar, amotinar, ajudar a reflectir.
Salvar não pode. Aliás, salvar de quê? As receitas salvíficas são para a
religião, não para a poesia.
P-Jacinto
Prado Coelho dizia que ensinar a ler é facultar aos estudantes os
instrumentos mentais para a análise do texto literário. O que pensa que
procura o Leitor quando busca uma obra literária? Redenção,
Contestação, Cumplicidade, Conhecimento, ou simplesmente voyeurismo? O
Leitor é generoso ou é um ser distante e que tem de ser conquistado?
R-
Uma vez mais, não se pode generalizar. Cada leitor é um caso. Quer
dizer: cada leitor exige sua coisa de uma obra literária. Uns buscam
conhecimento, outros buscam entretenimento, outros buscam inquietação.
Uns estão predispostos à empatia com o autor, outros são-lhe à partida
adversos. O mundo dos leitores é ainda mais complexo do que o dos
escritores. Pessoalmente, fico satisfeito quando sinto que conquistei um
leitor; mas não ranjo os dentes quando outro leitor me faz saber que
não gostou de algo que escrevi.
P-Disse
um dia que nos seus livros gosta de matar quem quer. Se ficcionalmente
tivesse de fazer desaparecer alguma personagem da nossa vida colectiva
recente, quem “mataria” e porquê?
R-
Disse e repito. Foi uma resposta que dei a alguém que notava que na
minha obra de ficção havia muitas mortes. Ora, o escritor é livre de, no
mundo irreal que cria, usar as personagens a seu bel-prazer. Pode
matá-las ou deixá-las viver, ninguém tem nada com isso. Agora na vida
real, mais devagar. Mesmo ficcionalmente, não há rigorosamente ninguém
da nossa vida colectiva recente que eu deteste a ponto de a fazer
desaparecer. Sou muito tolerante.
P-Tem
alguma ligação literária ou sentimental com Sintra? Como vê o
misticismo a que se costuma associar Sintra no panorama cultural
português?
R-
Infelizmente, nenhuma. Só estive em Sintra uma vez, num congresso
camiliano, e deu para perceber que era, nos anos 90 do século passado,
uma espécie de paraíso terreal. Confesso que não sei se ainda assim se
mantém — isto é, se os especuladores imobiliários já fizeram a Sintra o
mesmo que têm feito metódica e sistematicamente à generalidade das
cidades e vilas do país. Espero que não, e que Sintra mantenha intacta
aquela aura mística, como você diz, que lhe assenta tão bem e cada vez
melhor em tempos que não vão para misticismos — ou vão favoráveis a
misticismos deletérios.
P-
A Alagamares é uma associação cultural local de divulgação e promoção
de conhecimento e conhecimentos. Haverá um novo paradigma do
associativismo cultural numa era da Sociedade da Informação e do trabalho em rede?
R-
Não me parece que tenha havido uma mudança substancial de paradigma.
No fundo, os anseios são os mesmos de há vinte ou trinta anos atrás, e
exigem das associações as mesmas respostas. Há é que tirar partido dos
instrumentos e ferramentas que a Sociedade da Informação põe ao nosso
alcance — isto é, reificá-la sem a deificar.
P-Por
fim, como vê o estudo da literatura portuguesa nas escolas? A quem se
iniciasse agora no mundo da leitura, que obra recomendaria, portuguesa
ou estrangeira?
R-
Há muito que estou afastado da vida escolar e, em todo o caso, só
ocasionalmente fui professor de literatura portuguesa, e isso já há
muito tempo. Não sei pois como andam os programas. O que me parece é que
se deve incentivar sempre e cada vez mais nas escolas o estudo da
literatura, que considero ser um abrir de portas e perspectivas
culturais só comparável nesse papel à filosofia. À segunda parte da
pergunta, desculpará, mas não respondo. Primeiro, porque tudo dependeria
da pessoa em causa: a pessoas diferentes, recomendações diferentes.
Segundo, porque a minha recomendação seria sempre uma forma de
paternalismo — coisa que não quadra comigo em absoluto.
Entrevista de Fernando Morais Gomes
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