A
revitalização cultural de Sintra passa pela criação de sinergias e
parcerias entre os agentes culturais dispersos apostando num critério de
cidade criativa, aprofundando a conjugação de 3 linhas de força, a que
Richard Florida no seu livro The Rise of the Creative Class chamou os 3 T:Talento,Tolerância e Tecnologia. Mas para
quem começa por baixo, os passos a dar passam não pela proliferação de
eventos culturais contratados fora, mas antes de mais, a fim de criar um
espírito grupal, pela disponibilização gratuita de espaços que possam
ser centros de criatividade, encontro e troca de informações, algo como
os ingleses fizeram com os Fab Labs, pequenas fábricas, ateliers,
estúdios onde se possam instalar associações e pequenas empresas,
fomentando uma economia criativa, com equipamento digital base, maquinas
de impressão, equipamento gráfico, nas mais diversas áreas e onde possa
haver troca de informação. Este conceito catapultou já cidades antes
adormecidas para novos paradigmas, como Sheffield, em Inglaterra, ou
Helsínquia, com o seu Design Distrit. Em Amesterdão, o envolvimento de
9% da população em actividades e indústrias criativas ajudou ao
crescimento do emprego. Na Suécia, a instalação de uma escola de artes
circenses em Botkyrka, a 20 km de Estocolmo originou um centro de
criatividade chamado Subtopia.
Chamar
quem trabalha na ciência, arquitectura, design, moda, música,
tecnologias e potenciar sinergias é o desafio que um espaço privilegiado
como Sintra poderia agarrar. Pegue-se no Sintra-Cinema, na Portela, por
exemplo, ou em instalações industriais encerradas, ou até na Quinta do
Relógio (se chegar a ser municipal) e com um mínimo de condições de
funcionamento, nada de faraónico ou de fachada, promova-se a junção dos
criadores e criativos. Afinal a Cultura também contribui para o PNB e
com relevo, como o recente estudo de Augusto Mateus elencou. Sintra
Criativa, pegando nos modelos que já estão inventados, essa sim, pode
ser uma Marca, criando uma verdadeira Economia da Cultura num território
onde existem condições naturais, população jovem e criativa e factores
de localização que podem gerar efeitos multiplicadores.
Cabe ao sector financeiro igualmente apoiar nesse âmbito empresas startups de índole cultural, em que as firmas gestoras de fundos de venture capital podem
ajudar com conhecimentos de gestão, acesso a redes de negócios e ajuda à
obtenção de competências no posicionamento estratégico para a venda de
produtores criativos inovadores e atracção de colaboradores. Recorde-se
que o Sillicon Valey é o centro mundial de referência neste modelo.
Efectivamente a par do apoio das instituições aos criadores e criativos,
essencial se torna o apoio à formação de clusters tecnológicos, muitas vezes junto das universidades e centros tecnológicos com altos níveis de formação.
Tais
clusters e tais apoios são essenciais para estancar a fuga de cérebros,
e que só apoios e um ambiente de empreendedorismo podem reverter.
É
essencial que os criadores e criativos, depois das universidades ou de
experiências desapoiadas entrem na esfera dos negócios, assim também
atraindo a comunidade não só para a sua produção cultural como para
novos nichos de oportunidade, criando empresas startup, apoiadas
por parceiros estratégicos, como fundos de investimento, universidades
ou as autarquias. Pode Sintra também aqui vir a mexer?
Uma só palavra de ordem: mexamo-nos!
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