Personalidade
igualmente originária do concelho de Sintra foi D. Domingos Anes Jardo,
nascido na Jarda (hoje Agualva-Cacém) e falecido em Lisboa a 16 de
Dezembro de 1293. Foi sucessivamente chanceler do rei D.Dinis, bispo de
Évora (1284-1289) e bispo de Lisboa (1289-1293).Natural do lugar de
Jarda (actual Agualva), onde se situa o rio denominado Ribeira das
Jardas, e que actualmente divide as freguesias do Cacém e Agualva, é
também recorrente dizer-se que nasceu em Belas, já que até 1953, a
actual freguesia de Agualva pertencia a Belas. Por sua vez, a freguesia
do Cacém pertencia a Rio de Mouro. Desde cedo Domingos Jardo recebeu
educação esmerada, tendo estudado na Universidade de Paris. Regressado
ao reino, foi chamado por D.Afonso III para seu capelão-mor e membro do
seu conselho. O seu filho D.Dinis fê-lo chanceler-mor do reino (uma
espécie de primeiro ministro) e contribuiu para a sua elevação à cátedra
episcopal, primeiro em Évora (1283), onde permaneceu até 7 de Outubro
de 1289 data em que o papa Nicolau IV o transferiu para a diocese de Lisboa.
Devido
a lutas travadas no interior do cabido, apenas através da nomeação
papal teria conseguido assumir-se como bispo de Lisboa. A repetida
tentativa de Domingos Anes Jardo de alcançar o lugar de bispo de Lisboa e
o interesse manifestado por este lugar tanto por sua parte suscitaram
foi um dos factores que tornaram estas eleições particularmente
relevantes das lutas entre o clero. De acordo com Rodrigo da Cunha, o
bispo D. Mateus terá morrido em Setembro de 1282 e,com efeito, logo em
1283 D. Domingos é referido pelo rei como eleito de Lisboa, tanto na
concessão do foral de Cacela, como na confirmação da posse da
chancelaria E se bem que não se conheça ao pormenor a cisão ocorrida no
interior do cabido de Lisboa e não se consiga identificar os cónegos
apoiantes de cada uma das partes, a verdade é que o perfil dos oponentes
permite entender a hierarquia que visivelmente se definiu entre as
dioceses. Inquestionavelmente, Lisboa apresenta-se já, neste final do
século XIII, como uma diocese de topo, almejada por muitos
eclesiásticos. Domingos Anes Jardo teria tentado numa primeira eleição,
cerca de 1283 ser eleito bispo de Lisboa. No entanto, o cabido
cindir-se-ia e, em seu lugar, foi nomeado Estevão Anes de Vasconcelos,
filho de João Peres de Vasconcelos e de Maria Soares Coelho. Domingos
irá então para Évora, onde permanecerá até 1289. Durante esse período e à
semelhança dos anos anteriores não cessou de receber doações por parte
de D. Dinis. Ao longo dos cinco anos que permaneceu em Évora, recebeu
autorização régia para fundar um hospital em Lisboa, além de alguns bens
sediados em Lisboa e no seu termo. Desta forma, constituiu ou reforçou
um património na cidade para cuja cátedra veio, de novo, a ser indicado
nas eleições que se sucederam à morte de Estevão Anes de Vasconcelos. Em
1286 fundou o Hospital de São Paulo (actual Convento de Santo Elói em
Lisboa, na foto abaixo) destinado não apenas ao ofício divino, como
também ao fomento das letras, de que o reino tanto carecia; diz Frei
Francisco Brandão na "Monarquia Lusitana", que os grandes talentos de
letras que houve em Portugal nesta época se ficaram a dever à protecção
do bispo. Nessa comunidade integrava 14 cidadãos honrados, caídos na
pobreza, 12 sacerdotes e 6 estudantes pobres, os quais lá podiam
aprender gramática, lógica, medicina, teologia e direito.
Faleceu
em 16 de Dezembro de 1293,tendo sido sepultado na Capela do Sacramento
do Convento de Santo Elói que ajudara a fundar (hoje aí estão serviços
da GNR, em Lisboa).
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