Continua na ordem do dia a polémica (mesmo incompreensível)
intervenção que os serviços camarários vão fazendo em diversas árvores no
centro de Sintra. Apesar de a única comunicação pública ter sido feita pela
Câmara Municipal através do seu website referindo que “A Câmara Municipal de
Sintra deu início à substituição de árvores que se encontram em deficientes
condições fisiológicas para permanecer em locais públicos, após estudo
efectuado pelo Instituto Superior de Agronomia.” , nunca até ao momento isso se verificou.
Ainda esta semana, na Correnteza diversas árvores foram
substituídas por… calçada.
Se estas acções se revestem de grande controvérsia, embora
possam ser aceites mediante possíveis pareceres técnicos, inqualificável a
todos os títulos é a forma de procedimento por parte da instituição que mais
deveria zelar pelo património cultural à sua guarda.
No entanto, se reflectirmos um pouco, concluímos que este
património “em risco” foi substituído de forma semelhante, por exemplo, à cobertura
do café Paris, bem no Centro Histórico, num passado recente. Embora propriedade
privada, encerra em si interesses bem públicos, quanto mais não seja pela
arquitectura do lugar.
Significará por estas bandas “substituição” o mesmo que
“remoção”? E que coerência existe, por exemplo, também em relação ao Vale da
Raposa, autêntico matagal e depósito de lixo, em perigo claro de incêndio nos
meses de Verão, posição já assumida pelas corporações de Bombeiros? Não haverá
aqui risco eminente para a segurança pública? É privado, eu sei mas… que raio!
Então servirá só a fiscalização para intervir em situações menores e por vezes
caricatas?
Coincidência ou mera curiosidade, aquando de umas pesquisas que
estou a desenvolver na imprensa regional sintrense, encontrei estes artigos no
jornal Ecos de Sintra de 1946.
Vale a pena ler e verificar como estas questões que nos assolam
a paciência nos dias de hoje, já levavam à irritação os nossos antepassados de
há 65 anos, até mesmo na capital. Também neste particular, e infelizmente para
nós, a imprensa regional era outra…
E já agora, o que se faz
à lenha das árvores abatidas? Em 1946 era vendida em hasta pública…
Oxalá que daqui a 65 anos as coisas estejam bem diferentes!
Ricardo Duarte.