A Alagamares- Associação Cultural completa 8 anos dia 9 de
Março de 2013.
Projecto de carolas gisado em fins de tarde nos cafés de
Galamares, Alagamares se lhe decidiu chamar, por ser esse o primitivo topónimo
da aldeia onde a maioria dos fundadores morava e, porque tal como o mar alagava
o rio das maçãs quando este era navegável, também assim se desejou, que como a
água purificadora, o conhecimento e o desafio de alargar o espírito alagassem
as mentes dos que connosco abraçaram este projecto.
Fizemos colóquios e passeios, oficinas artísticas e debates,
convívios e conferências. Não esquecemos valores locais, em carne e em pedra.
Zelámos para que um chalé arruinado revisse portentoso a luz de Sintra e o seu
cheiro inebriante. Demos a conhecer e aprendemos. E, apesar do mar revolto e
dos pequenos adamastores, continuamos nessa senda, por vezes quixotesca, mas
que por isso mesmo nos torna cidadãos mais reconciliados connosco próprios,
caminhando na Estrada e não nas bermas, nesta terra com uma serra por
sentinela, milenar guardiã e larvar berço de lendas e histórias, de mouros e
cristãos, visionários e viajantes, aristocratas e feiticeiros, espantados com o
sempre odorífico triunfo do verde e em presépio aninhando casas, palácios,
fontes e miradouros, na pretérita lembrança do Cruges e Calisto Elói, de
Garrett e Zé Alfredo, de Anjos Teixeira e M.S.Lourenço, da feiticeira Llansol e
de Nunes Claro, ou mesmo até do Carvalho da Pena cavalgando na serra, druida da
floresta e dos lagos.
Em Sintra assentámos arraiais e hipnotizados mirámos o
castelo onde invisíveis ogres lançam caldeirões de azeite e soturnas bruxas
invadem a noite em holográficas vassouras. Aqui escutámos os passos dum rei
prisioneiro e o ecoar das festas joaninas, um amargurado Camões lendo para um
rei alucinado, a condessa d’Edla e D.Fernando, acorrendo à Vila com o repicar
do sino em S. Martinho ao fundo.
A Alagamares está na estrada e não na berma. Sem dinheiro,
mas enriquecida pelo contributo dos que amam Sintra e a querem como vila
criativa e nicho de cultura, onde cada cidadão seja um jardineiro e cada
munícipe um laborioso operário dessa utópica Pólis, voltado para o primado do
Nós e refreando os Egos que todos juntos apenas subtraem e nada somam.
Estaremos no abate injustificado de cada árvore, na
divulgação dos artistas sem luzes da ribalta e dos arredados da fama. Estaremos
na luta pelo restauro do património público e privado que sangra em muitas
vielas da Vila Velha ou nos iníquos depósitos de gente e frustrações que são os
subúrbios a que chamam áreas metropolitanas. Estaremos no desfolhar deste livro
ainda incompleto que é Sintra e as suas gentes.
É tempo de celebrar. E além de celebrar, lembrar. Lembrar que
a esperança se constrói e não é só um estado de alma; que o Futuro sem desafio
em breve será um passado desolador, que é este o momento e a hora da nossa
geração deixar marcas e pegadas que um dia nos possam deixar dizer: valeu a
pena. E ao dar a conhecer a nossa História e tradições, artistas e artesãos, tendo
sempre em mira a necessidade da inscrição, como escreveu José Gil, de ter
espírito crítico e modelador da cidadania na nossa apreensão das expressões
culturais, atentos àquilo que com a cultura se pode alterar, inscrevendo a
verdadeira mudança e não a mera reprodução de modelos e estereótipos, fazer da
cultura e da expressão cultural uma arma para transformar intrinsecamente a
sociedade e não apenas um camarote de vaidades ou manifestações culturais
acríticas e folclóricas, pindericamente estrangeiradas e serôdias.
Somos poucos, mas seremos aquilo que nenhum triunvirato de
usurários da finança conseguirá que deixemos de ser: livres e com opinião,
livres para ouvir e para falar, construtivos no objectivo de destruir atavismos
mentais e abrir portas à suave brisa da mudança.
Pelo ano fora, haveremos de nos ver por aí, em debates e
roteiros, em intervenções e denúncias, e cúmplices, saberemos quem somos e ao
que vimos, e dia a dia, evento a evento, haveremos de escrever com letra grande
a palavra Cidadão.
Sobre as nossas actividades nestes 8 anos, ver em
Dia 9 de Março a
Alagamares celebrará o seu 8º Aniversário com a seguinte programação:
10H- Roteiro pedonal do
Soldado Desconhecido a Seteais revisitando 10 séculos de História de Sintra.
Grátis, inscrições para o alagamaressintra@gmail.com Max 40 participantes.
NO LEGENDARY CAFÉ:
14h45m- Demonstração de
yoga, por Maria João Bandarra. 50m. Entrada livre.”Alagamares Amares: Terra
Natal de Gualdim Paes? O Sonho Índia seria o sonho templário?
15h50m- Renato Epifânio,
presidente do Movimento Internacional Lusófono apresenta o último número da
revista “Nova Águia”
16h15m- Tertúlia “Cultura
e Cidadania em tempos de Incerteza” com Gabriela Canavilhas, José Manuel
Fernandes, São José Lapa, Miguel Real, Sérgio Luís de Carvalho, entre outros
20h30m em diante- Música e
poesia pelos amigos da Alagamares
22h22m- Spoken Word pelos
Orbes Ir Indo
ATRÁS DA CULTURA ESTÃO PESSOAS!
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