Vítimas dos elementos ou da mais iníqua moto-serra, as árvores de Sintra, discretamente alvo de podas e abates, têm de ser seriamente olhadas como património natural e como tal protegidas. Parte do cenário natural, frondosas e vetustas, há muito marcam as estações e os dias, floridas na Primavera, despidas no Inverno, acompanhando o tempo e o pathos de quem por elas passa, muitas vezes sem olhar. À sua sombra brincam crianças, descansam idosos, nidificam aves, serpenteiam insectos. Com elas, melhora o clima, aumenta a qualidade do ar, esbate-se o ruído.
As árvores reduzem a temperatura e aumentam a taxa de
humidade. Contribuem para a eficiência
energética e ajudam a renovar o ar. Uma faia de 25m pode fornecer oxigénio para
10 pessoas. A folhagem reduz os aerossóis e poeiras. Sabiam que uma banda
arborizada de 100m permite um aumento de 50% da humidade? E que uma árvore de
10m de altura transpira 130 litros de água por dia?
As árvores valorizam as propriedades e melhoram a harmonia
dos espaços, solitárias ou em alameda, no esmerado jardim ou soalheiro quintal,
marcam escalas, definem territórios e horizontes, protegem do sol e do
frio, são uma barreira visual e cobiça
dos artistas.
Sitiadas, sofrem de expectáveis doenças e desamparados
ataques, seja dióxido de enxofre ou ozono, monóxido de carbono ou azoto,
peróxi-acetilnitratos ou pragas. E sofrem, quando plantadas em solos pobres em
nutrientes, atacadas por herbicidas, feridas pelas infra-estruturas enterradas,
contagiadas por microorganismos.
Estruturantes da imagem cénica e patrimonial, aumentam a
qualidade de vida, merecendo quem lhes trate da porosidade, alimente com
matéria orgânica, mate a sede ou vigie, com competente tutoragem. Frágeis e
fortes, endémicas ou exóticas, são o bálsamo e a fragrância, a sombra e o
refúgio, silencioso, tão silencioso que sem apelo se abatem vertendo lágrimas
de seiva, culpadas de estar e perturbar, perturbar invasivos veículos, trazer
improváveis alergias ou irritantemente espalhar as folhas.
Aqui e ali enfrentam o esquadrão da morte, e aos poucos despedem-se,
substituídas por gélido granito, lápide fria sem direito a um epitáfio.
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