sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O debate em Sintra sobre política cultural



Promovido pelo Chão de Oliva e pela Associação Alagamares realizou-se a 19 de Setembro na Casa de Teatro de Sintra, um debate com associações e agentes culturais para o qual se convidaram as candidaturas à Câmara Municipal de Sintra.

Representaram as respectivas candidaturas Pedro Pinto (Sintra Pode Mais - PSD, CDS-PP e MPT) Pedro Ventura (CDU) André Beja (BE) Nuno Azevedo (PAN) e Rui Pereira (PS). A mesa do debate foi constituída por Jorge Menezes (escritor e poeta), Miguel Anastácio (Sintra Estúdio de Ópera), Fernando Morais Gomes (moderador e presidente da Alagamares -Associação Cultural), Moisés Paulo (Centro Internacional de Escultura de Pêro Pinheiro) e Pedro Alves (encenador e membro do teatromosca).

Com uma plateia concorrida e interessada, a sessão começou pelo painel representante da sociedade civil local.

Pedro Alves, do teatromosca, enfatizou ser o concelho de Sintra um concelho com disparidades, e ser o palco “um lugar de transformação”, bem como Moisés Paulo se centrou no papel do artista e da arte numa sociedade global.

Fernando Morais Gomes centrou-se na necessidade duma Economia da Cultura, da auscultação dos actores sociais e culturais de forma permanente, e na defesa do património, questionando o divórcio entre produtores e público e a subutilização de vários equipamentos municipais.

Já Miguel Anastácio se centrou na formação dos públicos como tarefa dos agentes culturais, e de como Sintra, jóia da coroa poderá ser uma nova Salzburgo.

Jorge Menezes lançou a ideia de uma Casa das Artes, e de como certos locais, como o Casal de S.Domingos se encontram ao abandono, a par de outros referidos por outros oradores, nomeadamente a Gandarinha, o Hotel Netto, o Sintra-Cinema ou a Quinta do Relógio.

Dada a palavra às candidaturas, Pedro Pinto, da Coligação Sintra Pode Mais manifestou a vontade de instalar uma Casa das Artes na Quinta da Ribafria, e uma feira popular em Fitares, num terreno com cerca de 8 hectares. Pedro Ventura, da CDU focou-se na análise da cultura como dinâmica de investimento, e salientou o papel dos agentes informais em muita da produção cultural local. Salientou a necessidade de investimentos- âncora, e deu como exemplo a mostra de curta metragens, ou o regresso do festival Lumina.

André Beja do, Bloco de Esquerda, contrapôs à ideia de Sintra Capital do Romantismo a de Sintra Capital do Grafitti, e apontou casos de desmazelo como o da casa do escritor Francisco Costa, aguardando um destino desde há muito.

O candidato do PAN, Nuno Azevedo, centrou a sua intervenção na necessidade de se fazerem pontes entre o movimento associativo e o executivo municipal. Já Rui Pereira, do PS, focou a necessidade de alavancar o turismo, tecendo críticas à introdução de um Conselho Consultivo para a Cultura, sugerido durante o debate de quase 3 horas. Também a retirada da Câmara do papel de programadora de eventos foi salientado.

Na fase de debate, usaram da palavra Rui Brás, do Utopia Teatro, Susana Gaspar, actriz e encenadora, José Sabugo, da Casa das Cenas, Paulo Escoto, da Pranima e Alagamares, Carla Dias e João de Mello Alvim, do Chão de Oliva, todos salientando o papel residual que os poderes têm reservado para a Cultura.

Críticas foram apontadas à Agenda Cultural do município, à falta de divulgação dos eventos culturais nos MUPI’s, a necessidade de outro modelo para o Festival de Sintra e de este ser também para os sintrenses, e não só para os turistas, ou  a necessidade de formação de públicos.

O Chão de Oliva e a Alagamares entendem terem com esta iniciativa realizado um dos poucos debates previstos nestas eleições autárquicas, e que à forma deve sobrepor-se o conteúdo, para que o diálogo não seja meramente semântico nem as ideias soundbyte.
Fotos: André Rabaça

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