sábado, 22 de dezembro de 2012

Vestigios templários em Sintra

                                       
Depois da tomada de Sintra aos mouros, em 1147, tratou D. Afonso Henriques de entregar a guarda da vila à Ordem do Templo. Assim, através de um documento de 1157 dirigido a D. Gualdim Pais, Grão-Mestre da dita Ordem, ficaram os Templários como primeiros donatários de Sintra. Entre várias doações que o rei efectuou, destacam-se, para além da Mata de Almosquer, algumas courelas e azenhas, umas casas no centro da vila.Francisco Costa, eminente escritor sintrense,localiza estas Casas dos Templários definitivamente, situando-as onde se encontra hoje o Café Paris e o Hotel Central.
Os vestígios estão em edifícios como o Palácio Nacional de Sintra, cuja base «é de fábrica templária», visíveis nas pedras tumulares depositadas no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas e ocultos nos subterrâneos de locais como o actual café “Paris”; na capela de São Pedro de Penaferrim do Castelo dos Mouros e neste, tomado sem batalha aos muçulmanos que dominavam a região antes da Reconquista, além de na Quinta das Murtas, onde os Templários haviam estabelecido a sua comenda, território reservado a eles.


Fundada em 1118 por cavaleiros franceses na maioria mas se contando também a presença portuguesa, a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão, também chamada de Ordem dos Cavaleiros Pobres do Templo de Salomão e da Santíssima Trindade, teve um papel de relevo nas Cruzadas dentro e fora da Europa e na conquista de territórios ultramarinos na Terra Santa para as forças da Cristandade.
Os Templários tiveram casas em Sintra, com sede nas Murtas, tendo ocupado todo o espaço onde hoje se encontra o Hotel Central e o Café Paris, conforme regista o documento de 1157 da doação por D. Afonso Henriques e sua mulher, D. Mafalda, a Gualdim Pais, 6.º Grão-Mestre da Ordem do Templo (1159-1195), de umas “bonas casas in villa de Cintra”, fronteiras ao Paço do Wali árabe (terá sido da fachada do palácio medieval que o primitivo brasão de Sintra foi arrancado e levado para figurar na fachada da igreja da Misericórdia, onde mais tarde Joaquim Fontes repararia nele), isto é, no Chão de Oliva, além do terreno desenvolvido no sopé do morro do Castelo (hoje freguesia de Santa Maria e que na ocasião era habitada por trinta moradores, aos quais o nosso primeiro rei deu  Carta de Foral em 1154), bem como umas fazendas nos arredores da vila, tudo isso integrado na “baylia” pretensa a “comendadoria” de Santa Maria de Sintra (cf. Francisco Costa, escritor e investigador da História de Sintra.
Descendo quatro pisos no Café Paris e uns bons oito metros abaixo do nível do solo, depara-se com uma sala em abóbada de berço e ao fundo uma galeria subterrânea que parte em direcção ao Palácio Real. Essa passagem prolonga-se para norte, sob a praça da vila, de onde se bifurca duas vezes, regressando em direcção ao Hotel Central: ainda hoje se repara no muro da actual Rua dos Arcos (outrora Travessa dos Fornos) a abertura de uma chaminé de ventilação, cuja profundidade se pode sondar facilmente.
A citada sala subterrânea, suportada por colunas delgadas, sugere a estrutura de um primitivo templo de traça bizantina, portanto um hipogeo, obra dos Templários, e a passagem subterrânea lembra  os estatutos secretos do Mestre Roncelin para os Irmãos do Templo, datados de 1240, especificamente a recomendação nos artigos 7 e 19: «Tende em vossas casas lugares de reunião vastos e escondidos a que se terá acesso por corredores subterrâneos para que os Irmãos possam ir às reuniões sem o risco de serem perturbados… É interdito, nas casas onde os Irmãos não são Eleitos, trabalhar certas matérias pela Ciência Filosófica e, portanto, transmutar os metais vis em ouro e prata. Isto nunca será feito senão em lugares escondidos e em segredo».
Recentemente descobriram-se nas proximidades, no espaço do "Bristol" novas galerias subterrâneas adentrando o ventre da Serra, possivelmente também obra dos Templários.
Quanto ao 1.º andar e restante edifício do Paço Real, foi acrescentado pelos Freires da Ordem de Cristo, reinando D. Dinis, que depois cederiam o imóvel à Rainha Santa Isabel. Para essas primeiras grandes obras foram envolvidos os serviços de “mouros forros de Colares”, beneficiados com a regalia de pagarem apenas um quarto e não metade dos frutos colhidos, sob condição de prestarem a anûduva ou “renovação de castelos”. Contudo, será D. João I  a oficializá-lo Paço Real.
As chaminés singulares deste edifício, cónicas invertidas, tornadas ex-libris turístico da vila, representam esotericamente a “visão oculta”, vislumbrando de cima a baixo, e também a letra-mãe hebraica Mem, a raiz fonética feminina criadora representada no Arcano XIII do Tarot Sacerdotal: A Grande Mãe, segundo Vítor Manuel Adrião. Além dessas duas enormes chaminés existe uma terceira, mais pequena, hoje servindo de pombal. E não é a pomba a representação zoomórfica da Mãe Divina, do Espírito Santo cujo Centro Deográfico se quer em Sintra?, remata ele.

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