Depois
da tomada de Sintra aos mouros, em 1147, tratou D. Afonso Henriques de
entregar a guarda da vila à Ordem do Templo. Assim, através de um
documento de 1157 dirigido a D. Gualdim Pais, Grão-Mestre da dita Ordem,
ficaram os Templários como primeiros donatários de Sintra. Entre várias
doações que o rei efectuou, destacam-se, para além da Mata de
Almosquer, algumas courelas e azenhas, umas casas no centro da
vila.Francisco Costa, eminente escritor sintrense,localiza estas Casas
dos Templários definitivamente, situando-as onde se encontra hoje o Café
Paris e o Hotel Central.
Os
vestígios estão em edifícios como o Palácio Nacional de Sintra, cuja
base «é de fábrica templária», visíveis nas pedras tumulares depositadas
no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas e ocultos nos
subterrâneos de locais como o actual café “Paris”; na capela de São
Pedro de Penaferrim do Castelo dos Mouros e neste, tomado sem batalha
aos muçulmanos que dominavam a região antes da Reconquista, além de na
Quinta das Murtas, onde os Templários haviam estabelecido a sua comenda,
território reservado a eles.
Fundada
em 1118 por cavaleiros franceses na maioria mas se contando também a
presença portuguesa, a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo
de Salomão, também chamada de Ordem dos Cavaleiros Pobres do Templo de
Salomão e da Santíssima Trindade, teve um papel de relevo nas Cruzadas
dentro e fora da Europa e na conquista de territórios ultramarinos na
Terra Santa para as forças da Cristandade.
Os
Templários tiveram casas em Sintra, com sede nas Murtas, tendo ocupado
todo o espaço onde hoje se encontra o Hotel Central e o Café Paris,
conforme regista o documento de 1157 da doação por D. Afonso Henriques e
sua mulher, D. Mafalda, a Gualdim Pais, 6.º Grão-Mestre da Ordem do
Templo (1159-1195), de umas “bonas casas in villa de Cintra”, fronteiras
ao Paço do Wali árabe (terá sido da fachada do palácio medieval que o
primitivo brasão de Sintra foi arrancado e levado para figurar na
fachada da igreja da Misericórdia, onde mais tarde Joaquim Fontes
repararia nele), isto é, no Chão de Oliva, além do terreno desenvolvido
no sopé do morro do Castelo (hoje freguesia de Santa Maria e que na
ocasião era habitada por trinta moradores, aos quais o nosso primeiro
rei deu Carta de Foral em 1154), bem como umas fazendas nos arredores
da vila, tudo isso integrado na “baylia” pretensa a “comendadoria” de
Santa Maria de Sintra (cf. Francisco Costa, escritor e investigador da
História de Sintra.
Descendo
quatro pisos no Café Paris e uns bons oito metros abaixo do nível do
solo, depara-se com uma sala em abóbada de berço e ao fundo uma galeria
subterrânea que parte em direcção ao Palácio Real. Essa passagem
prolonga-se para norte, sob a praça da vila, de onde se bifurca duas
vezes, regressando em direcção ao Hotel Central: ainda hoje se repara no
muro da actual Rua dos Arcos (outrora Travessa dos Fornos) a abertura
de uma chaminé de ventilação, cuja profundidade se pode sondar
facilmente.
A
citada sala subterrânea, suportada por colunas delgadas, sugere a
estrutura de um primitivo templo de traça bizantina, portanto um
hipogeo, obra dos Templários, e a passagem subterrânea lembra os
estatutos secretos do Mestre Roncelin para os Irmãos do Templo, datados
de 1240, especificamente a recomendação nos artigos 7 e 19: «Tende
em vossas casas lugares de reunião vastos e escondidos a que se terá
acesso por corredores subterrâneos para que os Irmãos possam ir às
reuniões sem o risco de serem perturbados… É interdito, nas casas onde
os Irmãos não são Eleitos, trabalhar certas matérias pela Ciência
Filosófica e, portanto, transmutar os metais vis em ouro e prata. Isto
nunca será feito senão em lugares escondidos e em segredo».
Recentemente descobriram-se nas proximidades, no espaço do "Bristol"
novas galerias subterrâneas adentrando o ventre da Serra, possivelmente
também obra dos Templários.
Quanto
ao 1.º andar e restante edifício do Paço Real, foi acrescentado pelos
Freires da Ordem de Cristo, reinando D. Dinis, que depois cederiam o
imóvel à Rainha Santa Isabel. Para essas primeiras grandes obras foram
envolvidos os serviços de “mouros forros de Colares”, beneficiados com a
regalia de pagarem apenas um quarto e não metade dos frutos colhidos,
sob condição de prestarem a anûduva ou “renovação de castelos”. Contudo,
será D. João I a oficializá-lo Paço Real.
As
chaminés singulares deste edifício, cónicas invertidas, tornadas
ex-libris turístico da vila, representam esotericamente a “visão
oculta”, vislumbrando de cima a baixo, e também a letra-mãe hebraica
Mem, a raiz fonética feminina criadora representada no Arcano XIII do
Tarot Sacerdotal: A Grande Mãe, segundo Vítor Manuel Adrião. Além dessas
duas enormes chaminés existe uma terceira, mais pequena, hoje servindo
de pombal. E não é a pomba a representação zoomórfica da Mãe Divina, do
Espírito Santo cujo Centro Deográfico se quer em Sintra?, remata ele.
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