sábado, 22 de dezembro de 2012

Luísa Sigea e Sintra

                                                        
Luísa Sigea de Velasco ou Aloysia Sigea Toletana foi muito célebre no seu tempo, estando contudo associada a Sintra pelo poema do mesmo nome que em 1545 escreveu e dedicou à infanta D.Maria,meia irmã de D.João III, e que curiosamente foi dado a conhecer ao mundo em 1566 pelo embaixador de França em Lisboa, Jean Nicot,o tal de onde deriva o nome da nicotina.

Era de nacionalidade espanhola e nasceu na província de Toledo, provavelmente em Tarancón, em 1522, filha de Diogo Sigeu e  Francisca de Velasco. Diogo Sigeu era um homem culto e foi ele sem dúvida que começou a ensinar latim e grego a seus filhos.

Luísa deveria ser a mais nova de quatro irmãos, dois rapazes, Diogo e António e outra menina, Ângela, que foi companheira de Luísa na corte de Lisboa.

Diogo Sigeu participou na revolta dos “comuneros” de Castela dirigida por Juán Lopez de Padilla (1480 – 1521) e desempenhou funções ao serviço da esposa deste, Maria Pacheco. Em 24 de Abril de 1521, Juan de Padilla é derrotado, julgado e executado. Durante algum tempo, Maria Pacheco dirige a revolta, mas em Fevereiro de 1522 foge para Portugal, seguindo o percurso de Castelo Branco à Guarda, Viseu, Porto e Braga, onde foi protegida pelo Arcebispo .Maria Pacheco faleceu em 1531 e Diogo Sigeu acompanhou-a até 1530, data em que passou para o serviço da Casa de Bragança.

Foi assim para Vila Viçosa ensinar línguas aos filhos de D. Jaime, Teodósio, o mais velho e mais outros três. Depois da morte de D. Jaime em 1532, D. Teodósio mantê-lo-ia ao seu serviço até 1549. É nessa altura (início da década de 1530), que Diogo Sigeu chama para Portugal sua mulher e seus quatro filhos. Diogo, o mais velho, estudava já na Universidade de Alcalá e prosseguiu em Coimbra estudos de filosofia e teologia, recebendo depois Ordens Sacras, sendo mais tarde Conselheiro da Universidade de Coimbra.  António foi durante vários anos secretário de Gaspar Barreiros, o autor da Chorografia de alguns lugares…

Mas Diogo Sigeu deu atenção sobretudo à educação de suas duas filhas Luísa e Ângela.Luísa, sobretudo, mostrou uma enorme propensão para aprender línguas. Falava correntemente castelhano, francês e italiano e escrevia em latim, grego, hebraico, árabe e siríaco (caldeu).

Luísa Sigea nunca foi tímida a mostrar as suas habilidades. Em 1540 através de um amigo de seu pai enviou uma carta em latim ao Papa Paulo III, juntando o que mais tarde ela ‘chamou “quosdam ingenioli mei flosculos “ - algumas florinhas do seu jovem talento.

Mas a sua vida mudou no início de 1542, quando seu pai foi convidado ou talvez “obrigado” a enviar as suas duas filhas para o Palácio da Rainha D. Catarina, como “moças de câmara”. Pouco depois, Ângela e Luísa juntaram-se assim às cultas senhoras que serviam a Infanta D. Maria, meia-irmã do Rei, nomeadamente Paula Vicente, filha de Gil Vicente, o dramaturgo, e Joana Vaz. Ângela e Paula Vicente dedicavam-se mais à música, Joana Vaz e Luísa, às letras, eram as “damas latinas”.

Em 1545, Filipe II de Espanha ficou viúvo e pôs-se a hipótese de a Infanta  casar com seu tio. O projecto gorou-se e a “sempre-noiva” ficou assim mesmo, noiva. Luísa Sigea escreve então o poema Sintra dedicado à Infanta que, mais tarde, em 1566, seria publicado em Paris pelo antigo embaixador de França em Lisboa, Jean Nicot (que deu o nome à nicotina, por ter levado o tabaco de Lisboa para Paris).

Jorge Coelho e Gaspar Barreiros escreveram epigramas elogiosos ao poema. Está traduzido no livro do Conde de Sabugosa.

Em 1546, Luísa Sigea envia ao Papa Paulo III, uma carta em cinco línguas (latim, grego, hebraico, árabe e siríaco), acompanhada da transcrição do seu poema. Mais ou menos na mesma data, Joana Vaz escreveu também ao Papa uma carta nas primeiras três línguas. O Papa respondeu a uma e outra, a Luisa por carta de 6 de Janeiro de 1547 (também nas mesmas cinco línguas).

Depois de casada, Luísa ficou ainda algum tempo na Corte, que abandonou de vez em 1555. Mas não se sentiu feliz em Burgos. Mais tarde, em 1558, Francisco de Cuevas  e Luísa Sigea entram em Valladolid ao serviço da Rainha da Hungria, D. Maria, ele como secretário, ela como “dama latina”. Durou pouco esta situação. Em 18 de Outubro de 1558, a Rainha da Hungria falece de repente. Em 1559 escreve a Filipe II, pedindo-lhe um emprego para seu marido. Não teve resposta.

No início de 1560, Luisa Sigea dirige-se a Toledo, onde Filipe II espera a chegada da nova Rainha de Espanha, Isabelle de Valois. Solicita ao Embaixador de França um empenho junto da nova Rainha. Isabelle de Valois recebeu-a mas nada decidiu. Desanimada, regressou a Bruges, onde veio a falecer em 13 de Outubro de 1560.

As peripécias da sua vida revelam uma pessoa megalómana, provida de um ego monstruoso e eternamente insatisfeita. Deveria ser extremamente bonita e agradável no trato, vistos os “piropos” que recebe de inúmeros contactos masculinos da sua época. Por outro lado, os seus biógrafos, mesmo os da actualidade, têm sido particularmente infelizes. Odette Sauvage não conhecia ou não utilizou os dados de Ismael Garcia Ramila, de 1958, “Nuevas e interesantes noticias, basadas en fe documental, sobre la vida y descendencia familiar burgalesa de la famosa humanista, Luisa de Sigea, la “Minerva” de los renacentistas”, Boletín de la Institución Fernán González, XXXVIII, 144 (1958), pp. 309-321; XXXVIII, 145 (1959), pp. 465-492; XXXVIII, 147 (1959), pp. 565-593. E nem uma nem outro utilizaram uma tese de doutoramento sepultada em 1955 na Universidade Complutense de Madrid, da autoria de Sira Lucía Garrido y Marcos, intitulada Luisa Sigea Toledana, 658 fls. Cota T-7298, referida por Nievas Baranda Leturio, que indica dados (sobretudo financeiros) que não analisa, deixando a outros o trabalho de o fazer.

Como diz o Prof. Américo da Costa Ramalho, Luisa Sigea teria caído quase no esquecimento, se não fosse a malandrice de um francês, Nicholas Chorier, que em 1680, publicou uma obra pornográfica com o título Aloysiæ Sigeæ Toletanæ satyra sotadica de arcanis amoris et veneris: Aloysia hipsanice scripsit: latinitate donauit J. Meursius. A obra faz uma certa apologia da homosexualidade feminina, acentuando o agrado que nisso têm os homens. Foi depois traduzida para francês e para muitas outras línguas, com os mais variados títulos, sendo mais conhecida sobretudo no mercado inglês, por The Dialogues of Luisa Sigea. Trata-se de uma grande injustiça feita a Luísa Sigea, que certamente,revoltada, já deu muitas voltas no túmulo, de indignada.

Sintra-Versão em português

Junto às praias do ocidente, onde o sol, ao aproximar-se a noite, já demanda o oceano, e levado no seu carro ebúrneo, quase toca o imenso mar, com os seus cavalos cansados pela longa carreira, fica um lugar, onde um vale ameno, por entre rochedos que se elevam até aos céus, se recurva em graciosos outeiros, por entre os quais se sente o murmurar da água.

 Circunda o oceano a imensa mole, e três píncaros elevadíssimos guindam-se até aos astros, a ponto de, quando densas nuvens os não coroam, chegarmos a acreditar que o céu assenta sobre tais colunas.

 Vivem os Faunos nestas solidões, as quais servem de abrigo às feras, vindo frequentemente os caçadores armar laços às mães e aos filhos. Na parte inferior, os carvalhos apinham-se no meio de densa folhagem, fornecendo a sombra amplas casas para Silvano e para os Satyros. Aqui se encontram em grande número, o choupo, a aveleira, a faia, a pereira, a cerejeira, a ameixieira, os castanheiros, e inúmeras outras árvores que dão alimento aos felizes mortais, tudo dádiva dos Deuses do céu. À direita, a flava Ceres espontaneamente ensinou os mortais a lavrar os campos, a semeá-los, e a formar as searas. Do lado esquerdo para a parte do norte, a cada passo oferece Pan amplas pastagens para os rebanhos. Às faldas da serra ostentam-se viçosos limoeiros, tão belos quanto os costuma produzir o jardim das Hespérides. Aqui se encontram as folhas do louro, outrora prémio dos vencedores, com as quais ainda hoje os poetas costumam cingir as suas frontes, e cresce abundantemente a murta, tão querida de Vénus; tudo, enfim, nos encanta e perfuma o ambiente com a sua fragrância e com os seus frutos. Ressoam os bosques com os gorjeios do rouxinol, geme a rola, e a pomba, e fazem ali seus ninhos todas as aves que voam pelo espaço, no meio de um chilrear ensurdecedor.

 Nos prados florescem as odoríferas rosas, os lírios, as violetas, o fragrante tomilho, a hortelã, o alecrim, o narciso, o poejo bravo, a videira sagrada, e muitas outras flores, ervas e arbustos que a terra fertilíssima produz, nos vales, e nas selvas, com que a cada passo ornam as suas frontes as Dryades, os Faunos, as Ninfas, e os Deuses cornígeros. Corre a água cristalina com brando murmúrio pelo meio do vale sombrio, por entre enormes rochedos, e nos pequenos lagos que ela forma, costumam vir banhar-se as formosas Ninfas, no romper da aurora, ou mesmo ainda quando a noite tem o seu manto estendido pela serra. Sobranceiro a um destes lagos fica soberbo palácio, de onde a régia prole, na candura da inocência, desfruta o sublime panorama que lhe oferece a espessa mata.

 Enquanto eu daqui espraiava os olhos por todo o horizonte, admirando tanto mimo, tantas delícias da natureza, Céfalo tinha deixado a Aurora, e ela ruborizada começou a iluminar as terras afugentando a noite.

 Então repentinamente, de um dos lagos, levanta-se uma Ninfa com um corpo e uma voz divina, olha, e assim se me dirige, espontaneamente com estas palavras amigas:

 ‘Salve! donzela, que tão grata és aos Deuses. Em que pensas, ó Sigeia? Habitando nestas altas mansões, desejas conhecer os destinos da tua querida princesa?"

 Então eu:

 "Se os Deuses despachassem favoravelmente os meus desejos, levantaria até aos astros Senhora tão excelsa. Ó Ninfa, guarda deste recinto, que semelhas urna deusa com essa tua formosa madeixa, nesse teu rosto, nos olhos, no seio e mais que tudo no teu majestoso porte, tu que reúnes as águas no vítreo pego, e tens poder para revelar os destinos dos Países, diz-me para que reinos e para que tálamos está destinada a princesa real’.

 Enquanto assim falo, ela alegre solta dos róseos lábios as seguintes palavras:

 “Ó Donzela, ouve a resposta ao que me perguntas e não duvides: O Pai Neptuno conduziu-me há pouco até aos remontados paços onde Júpiter costuma reunir os deuses. Lá os vi todos libando o néctar precioso e a ambrósia: terminado o banquete, os Deuses imploram para a princesa dons régios, que a façam avantajar-se em poder a quantas excede já em merecimentos. Achava-se presente a douta Minerva, Apolo inventor do canto, e também Calíope, todos estimadíssimos de Júpiter, e também estimados da princesa, cultora exímia das suas artes. Agradecidos portanto eles pedem dádivas extraordinárias.

 Júpiter com o sorriso com que ilumina os astros, responde assim á súplica unânime dos Deuses:

 — Alegrai-vos, ó Deuses! Sabei que é minha vontade que fiquem inabaláveis os destinos da augusta e poderosa princesa. Não desespere. embora veja que outras princesas a vão precedendo no trono: a seu tempo os destinos dela assumirão o seu lugar. As grandes coisas só se alcançam por meio de grandes trabalhos: nem o régio Olimpo detém os Deuses inactivos; por toda a parte são vistos os esposos que outras hão-de tomar, porém aquele que os Fados lhe destinam a ela, só o sabem as mentes celestes. Depois, feliz, quando casar, terá o império do mundo; e um e ouro hemisfério pacificados, curvar-se-ão diante da sua Senhora.

 Vai pois, e conta-lhe com discrição o que te acabámos de vaticinar, para que ela passe os dias tranquilos. Nem fiques com cuidados, ou temas relatar-lhe os destinos: todos os teus desejos se irão gradualmente realizando. "

 - "Todavia, diz-me ó Ninfa, encarecidamente to peço, o tempo do presságio».

 «Perguntas bem; é necessário conhecer também os tempos; porque o Pai omnipotente, levantada a mesa, os marcou nos deuses. Antes que o sol da primavera se volva por sobre um e outro pólo, muitas vezes de Câncer para Capricórnio, sucederão todas as coisas que profetizei.

 A ilustre princesa, então, irá súplice diante dos altares oferecer os seus votos, juntamente com o incenso”.

 — Assim falara, e a Deusa, de novo salta para as líquidas aguas e veloz na carreira, esconde-se no pego.

 E eu que de tudo costumava duvidar em atenção à Princesa, voltei depois segura do vaticínio.

 Creio que Mercúrio foi mandado do Olimpo sob a forma de uma Ninfa, para me predizer o futuro da minha Senhora.

 Agora, suplicante, levanto para os céus as minhas mãos por tão feliz acontecimento, porque, em verdade, não me falece a crença.

 E quando eu vir já tudo completamente realizado na Princesa, espero então obter um lugar entre os habitantes do céu.



 SYNTRA-versão original em latim

Est locus, occiduas ubi sol æstivus ad oras
Inclinat radios, nocte premente diem:
Oceanumque petit, curruque invectus eburno,
Iam cursu lassos æquore tingit equos.
Vallis ibi inclusa, scopulis ad sidera ductis,
Deflectit clivos: murmurat intus aqua.
Obiicit Oceano molem, ternæque minantur
Excelsæ rupes tangere tecta poli.
Et nisi condensi cingant fastigia nimbi,
His cælum credas sistere verticibus.
Rupibus his Fauni, sunt hic quoque lustra ferarum,
Venator matres figat ubi et catulos.
Inferne viridi densantur robora fronde:
Silvano et Satyris efficit umbra domos.
Populus hic, corylique decus, fagusque pirusque,
Et cerasus, prunus, castaneaeque nuces,
Et plantæ innumeræ mortalibus esca beatis,
Quæ sunt divorum munera cælicolum.
Flava Ceres dextra mortales vertere terram,
Et serere, et messes condere, sponte docet.
Pan læva, Arctoum mundus qua surgit ad axem,
Pascere dat passim gramina læta gregi.
Citrea mala rubent, vallis qua tendit ad imum,
Qualia fert rutilans hortulus Hesperidum:
Et lauri frondes, victorum premia quondam,
Quæque poetarum texere serta solent:
Et myrtus Veneri sacra crispatur in umbra:
 Cuncta placent fructu, floribus ас redolent.
 Hic philomela canit, tirtur gemit atque columba:
 Nidificant volucres, quotquot ad astra volant.
Silva avium cantu resonat, florentia subtus
Prata rosas pariunt, liliaque et violas,
Fragrantemque thymon, mentam, roremque marinum,
Narcyssum et neptam, basilicumque sacrum:
Atque alios flores, ramos herbasque virentes,
Terra creat pinguis vallibus ac nemore-.
Queis passim Dryades capiti cinxere corollas,
 Et Fauni et Nymphæ cornigerique Dei.
Ast ubi præcipitans leni fluit unda susurro
Per vallem umbrosam rupibus aëriis:
Stagna replet, pulchræ mersant ubi corpora Nymphæ,
Aurora aut splendet, seu tegit umbra polum:
Regia celsa lacu supereminet, unde comantem
Prospectat silvam candida virginitas.
 Hinc ego prospiciens, oculis dum singula lustro,
 Naturæ admirans munera, delicias,
Liquerat Auroram Cephalus, vultuque rubenti
Illa aperit terras, pandit et illa polum:
Emersit stagnis subito pulcherrima Nympha
Tunc forma referens, corpore, voce deam.
Suspicit, alloquiturque ultro me hac voce sedentem
Vocibus his: “Salve grata puella Deis.
Quid tecum, SYGAEA, putas? Tu principis almæ
Arcibus his spectans noscere fata cupis?”
Tunc ego: “Si superi firmarent numine quantum
Exoptem, dominant tollere ad astra velim,
О quæ cæsarie, vultuque, oculisque, sinuque,
Et certe incessu diva videre mihi!
Nympha loci custos, vitreo quæ gurgite lymphas
Concipis, et Divum pandere fata potes:
 Tu mihi fatorum seriem, quæ regia virgo
 Regna manet, resera, quosve manet thalamos?"
 Illa libens roseo ( dum sic loquor) intonat ore:
 “Quod, virgo, rogitas, accipe, nec dubita.
Neptunus genitor nuper me ad summa tonantis
 Atria perduxit concelebrata Deis.
Constiterant cuncti vescentes nectare, пес non
Ambrosia: at postquam mensa remota fuit,
Digna petunt divi regali in principe dona,
Imperio ut superet, quas superat meritis.
Docta Minerva aderat, cantusque inventor Apollo,
Nec non Calliope, pignora chara lovis.
Quos coluit virgo, quorumque exercuit artes,
Illi gratantes munera pulchra petunt.
luppiter adridens vultu, quo sidera lustrat,
Respondet divis, qui petiere simul:
“Gaudete, o Superi: perstare immota potentis
Principis augustæ maxima fata volo.
Nec, licet adspiciat quasdam nunc carpere regna,
Desperet: capient mox sua fata locum.
Non nisi per magnos vincuntur magna labores:
Nec tulit ignavos regia celsa Deos.
Quosque aliæ sponsos captent, visuntur ubique:
Quem sibi fata parant, non nisi summa tenet.
Нæс reget Imperium fœlix, quum nupserit, orbis:
Pacatus dominæ cedet uterque polus.
Vade ergo, et timidæ referas, quæ diximus, oro
Fatidico, ut lætos exigat illa dies.
Nec sis sollicita, aut metuas prædicere fata:
Succedent votis ordine cuncta tuis.”
“Augurii, .repeto, tempus mihi, Nympha, recense.”
“Recte, inquit, rogitas: tempora nosse opus est.
Nam Pater omnipotens, epulis de more solutis,
Fatorum superis tempora certa dedit.
Ante polum quam sol circum volvatur utrumque,
Sæpius a Cancro versus ad Ægoceron,
Quæ cecini, venient: voti rea maxima princeps
Ante aram supplex tunc pia thura feret.
Dixerat, et liquidas resilit Dea rursus in undas,
 Præcipiti et saltu gurgite mersa latet.
 Ast ego, quæ Infantis causa dubitare solebam
 Antea, tunc rediens omine certa fui.
Mercurium, credo, Nymphæ sub imagine Olympo
Demissum, ut Dominæ sic mihi fata canat.
Nunc supplex tendo iunctas ad sidera palmas
Pro tali augurio; nec mihi cassa fides.
Нæс ego quum cernam compleri in principe vates,
Spero cælicolas inter habere locum.

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