segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Quando já se prometia um teleférico para Sintra


O rol de promessas feitas e nunca cumpridas é coisa de sempre e não só de hoje, como o famigerado teleférico para a Pena, várias vezes anunciado e nunca concretizado.
A título de nota histórica, mais uma promessa, desta feita conforme transcrição do jornal (já desaparecido) “A Voz de Sintra” de 18 de Janeiro de 1958. Era director Paulo Carreiro, e redactor principal José António de Araújo.
“Numa reunião do Conselho Municipal, realizada na passada quinta-feira no edifício do antigo casino, foi resolvido, por maioria de votos, criar o teleférico para o Palácio da Pena, uma velha aspiração e cuja execução se ficará devendo ao espírito dinâmico e empreendedor do senhor Dr. César Moreira Baptista, ilustre presidente da Câmara de Sintra. Assistiram a essa reunião, além do senhor Presidente e dos membros do Conselho, Dr. Arnaldo Sampaio, Engenheiros Seisal e Ricardo Graça, Eduardo Frutuoso Gaio, Manuel Dias Pereira e Olegário Joaquim Maria, o chefe da secretaria, senhor José António de Araújo, vereadores Prof. Dr. Joaquim Fontes, Rui da Cunha e José Maria Tavares, e os presidentes das Juntas de Freguesia de S. Maria, S. Martinho, S. Pedro e Colares, respectivamente senhores António Rovisco de Andrade, João Barradas, Mário Lage e Dr. Branco Guerreiro.
O senhor Presidente do Município, ao abrir a sessão, explicou largamente e com sólidos argumentos as vantagens que trazia para Sintra a criação do teleférico, não só do ponto de vista turístico mas também no económico, pois convencia-se que o número de 120 mil pessoas que visitaram o Palácio da Pena no ano passado subiria a mais do dobro se houvesse um meio de transporte acessível.
Dada a palavra ao senhor Eng. Seisal, este argumentou que não concordava com a criação do teleférico nem com o local de onde o mesmo está projectado partir, pois, a seu ver, ele iria prejudicar a beleza da paisagem da serra.
O mesmo ponto de vista defendeu também o senhor Dr. Arnaldo Sampaio, mas sobre o assunto pedia licença para se abster de votar.
Seguidamente falou o senhor Eng. Ricardo Graça, para dizer que gostava muito de Sintra e que, para a sua sensibilidade, achava que o teleférico em nada prejudicaria as belezas naturais da serra, dando por isso o seu voto favorável.
O senhor Eduardo Frutuoso Gaio manifestou-se também favorável à criação do teleférico, o mesmo fazendo os vogais Manuel Dias Pereira e Olegário Joaquim Maria.
O senhor Rovisco de Andrade, presidente da Junta de S. Maria, como intérprete de muitos paroquianos, pediu ao senhor Presidente da Câmara para que fosse criado o teleférico, uma obra que virá valorizar extraordinariamente Sintra e que é a aspiração de todos.
O senhor Dr. Moreira Baptista rebateu a argumentação contrária à criação do teleférico e pôs o assunto à votação, verificando-se cinco votos favoráveis e dois contra, pois o Dr. Arnaldo Sampaio também votou desfavoravelmente, por não lhe ser permitido, por lei, abster-se, como era seu desejo.”
Até hoje.

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