Promovido pelo Chão de Oliva e pela Associação Alagamares
realizou-se a 19 de Setembro na Casa de Teatro de Sintra, um debate com associações e
agentes culturais para o qual se convidaram as candidaturas à Câmara Municipal
de Sintra.
Representaram as respectivas candidaturas Pedro Pinto (Sintra
Pode Mais - PSD, CDS-PP e MPT) Pedro Ventura (CDU) André Beja (BE) Nuno Azevedo
(PAN) e Rui Pereira (PS). A mesa do debate foi constituída por Jorge Menezes
(escritor e poeta), Miguel Anastácio (Sintra Estúdio de Ópera), Fernando Morais
Gomes (moderador e presidente da Alagamares -Associação Cultural), Moisés Paulo
(Centro Internacional de Escultura de Pêro Pinheiro) e Pedro Alves (encenador e
membro do teatromosca).
Com uma plateia concorrida e interessada, a sessão começou
pelo painel representante da sociedade civil local.
Pedro Alves, do teatromosca, enfatizou ser o concelho de
Sintra um concelho com disparidades, e ser o palco “um lugar de transformação”,
bem como Moisés Paulo se centrou no papel do artista e da arte numa sociedade
global.
Fernando Morais Gomes centrou-se na necessidade duma Economia
da Cultura, da auscultação dos actores sociais e culturais de forma permanente,
e na defesa do património, questionando o divórcio entre produtores e público e
a subutilização de vários equipamentos municipais.
Já Miguel Anastácio se centrou na formação dos públicos como
tarefa dos agentes culturais, e de como Sintra, jóia da coroa poderá ser uma
nova Salzburgo.
Jorge Menezes lançou a ideia de uma Casa das Artes, e de como
certos locais, como o Casal de S.Domingos se encontram ao abandono, a par de
outros referidos por outros oradores, nomeadamente a Gandarinha, o Hotel Netto,
o Sintra-Cinema ou a Quinta do Relógio.
Dada a palavra às candidaturas, Pedro Pinto, da Coligação
Sintra Pode Mais manifestou a vontade de instalar uma Casa das Artes na Quinta
da Ribafria, e uma feira popular em Fitares, num terreno com cerca de 8
hectares. Pedro Ventura, da CDU focou-se na análise da cultura como dinâmica de
investimento, e salientou o papel dos agentes informais em muita da produção
cultural local. Salientou a necessidade de investimentos- âncora, e deu como
exemplo a mostra de curta metragens, ou o regresso do festival Lumina.
André Beja do, Bloco de Esquerda, contrapôs à ideia de Sintra
Capital do Romantismo a de Sintra Capital do Grafitti, e apontou casos de
desmazelo como o da casa do escritor Francisco Costa, aguardando um destino
desde há muito.
O candidato do PAN, Nuno Azevedo, centrou a sua intervenção
na necessidade de se fazerem pontes entre o movimento associativo e o executivo
municipal. Já Rui Pereira, do PS, focou a necessidade de alavancar o turismo,
tecendo críticas à introdução de um Conselho Consultivo para a Cultura,
sugerido durante o debate de quase 3 horas. Também a retirada da Câmara do
papel de programadora de eventos foi salientado.
Na fase de debate, usaram da palavra Rui Brás, do Utopia
Teatro, Susana Gaspar, actriz e encenadora, José Sabugo, da Casa das Cenas,
Paulo Escoto, da Pranima e Alagamares, Carla Dias e João de Mello Alvim, do
Chão de Oliva, todos salientando o papel residual que os poderes têm reservado
para a Cultura.
Críticas foram apontadas à Agenda Cultural do município, à
falta de divulgação dos eventos culturais nos MUPI’s, a necessidade de outro
modelo para o Festival de Sintra e de este ser também para os sintrenses, e não só para os
turistas, ou a necessidade de formação
de públicos.
O Chão de Oliva e a Alagamares entendem terem com esta
iniciativa realizado um dos poucos debates previstos nestas eleições
autárquicas, e que à forma deve sobrepor-se o conteúdo, para que o diálogo não
seja meramente semântico nem as ideias soundbyte.
Fotos: André Rabaça